Agricultura

Seca preocupa produtores de cebola de SC e deve comprometer a safra

No Estado, prejuízo por conta da falta de chuva já passa de R$ 436 milhões, de acordo com a Epagri.

Seca preocupa produtores de cebola de SC e deve comprometer a safra Em 2019, Brasil aumentou importação de cebola para suprir a demanda (Foto: Léo Laps, Especial, BD)

Os produtores de cebola de Santa Catarina mal terminaram de vender o pouco que restava do produto até o mês passado e já começaram a se preocupar com outro problema: a falta de chuva. 

Entre importantes municípios produtores no Alto Vale (principal área de cultivo no Estado), as cidades de Vidal Ramos, Ituporanga, Laurentino, Petrolândia, Imbuia, Aurora e Atalanta, por exemplo, já decretaram situação de emergência. Alfredo Wagner, na Grande Florianópolis, que tem a segunda maior lavoura do Estado, seguiu o mesmo caminho.

A safra 2020/2021 começou no início de abril, com alguns agricultores das áreas mais baixas já iniciando a semeadura. O maior receio, porém, é com o plantio direto que começa neste mês de junho e se estende pelo menos até agosto. Nessa fase a planta depende de muita irrigação e, caso São Pedro não colabore, a tendência é de que o trabalho dos produtores seja comprometido.

Jelson Gesser, por exemplo, é de Aurora, cidade que produz em média 33,8 mil toneladas de cebola ao ano — 4ª maior produtora de SC. Ele afirma que sente na pele os impactos causados pela seca e não esconde a preocupação com o desenvolvimento da safra que começa neste ano e se estende até meados de 2021.

— Estamos com reservatórios praticamente vazios. Fizemos muito uso de irrigação no ano passado, quando a estiagem foi moderada. Nesse ano a gente não tá conseguindo captar água nem do poço, muito menos da chuva. Complicado — afirma o produtor.

“Esperança é de as previsões não se confirmem”

De acordo com último levantamento da Epagri, o prejuízo estimado na agricultura de Santa Catarina é de R$ 436 milhões. As áreas mais afetadas são de produção de grãos (soja e milho, principalmente), fruticultura e bovinocultura de leite. Para Gesser, a expectativa é de que as previsões não se confirmem e a chuva caia em uma das fases mais importantes da produção da cebola.

— Acredito que a grande maioria [dos produtores] vai ter água para iniciar a safra na parte de canteiros, por ser uma área menor de criação de mudas. Mas se a seca continuar por mais semanas ou meses, até o plantio muitos não terão água suficiente. Nossa esperança é de que as chuvas voltem e as previsões não se confirmem — ressalta o produtor da cidade de Aurora.

O presidente da Associação dos Produtores de Cebola de Santa Catarina (Aprocesc), Dirceu Schmidt, reforça a preocupação com os reservatórios dos agricultores que, segundo ele, “estão abaixo do normal”.

— A seca ainda está complicada, não choveu nada. Estamos na época do plantio direto e todos esperam por uma boa chuva para plantar. Se não tiver, iniciaremos a germinação de poucas sementes, e depois disso é preciso muita umidade para que a planta se desenvolva bem — explica.

O comprometimento das lavouras deve fazer despencar a produção de cebola por hectare em SC e motivar a importação do produto para suprir a demanda nos supermercados. Só no ano passado, aumentou cerca de 80% a vinda de cebola de fora do Brasil, conforme dados do Ministério da Agricultura. Com a iminente dificuldade para os agricultores do Estado devido à seca, a tendência deve ser aumentar esse índice para 2020, o que reflete no aumento do preço para o consumidor.

Os cinco maiores produtores de SC

1º - Ituporanga – 132 mil toneladas/ano

2º - Alfredo Wagner – 85 mil toneladas/ano

3º - Imbuia – 50,4 mil toneladas/ano

4º - Aurora – 33,8 mil toneladas/ano

5º - Lebon Régis – 32,2 mil toneladas/ano

Fonte: Epagri

 

Por Augusto Ittner

Santa / NSC Total

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