Trânsito

Imprudência ainda é o que mais mata no Alto Vale

Imprudência ainda é o que mais mata no Alto Vale Foto: Bryan Klug/DAV

 

Entra ano e sai ano, e as mortes na rodovia BR-470, especificamente nos trechos que cortam o Alto Vale, continuam acontecendo. Apesar das más condições da rodovia e da falta de duplicação, a imprudência de alguns motoristas é a principal causa dos acidentes.

Em um levantamento realizado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), somente em 2017, 673 acidentes aconteceram entre os Km 100 e 201 da BR-470, que são os trechos atendidos pela PRF de Rio do Sul. Estas ocorrências causaram 31 mortes e deixaram 712 pessoas feridas.

Já em 2018, entre janeiro e agosto, o número de acidentes foi menor, com 350 ocorrências, mas as vítimas fatais quase alcançaram 2017, com 28 mortes e 379 feridos. Se somadas com as mortes de setembro, o número quase se iguala.

Para o policial rodoviário federal, Manoel Fernandes Bitencourt, as estatísticas da PRF mostram que cerca de 96% dos acidentes continuam sendo ocasionados por imprudência dos motoristas e excesso de velocidade. “Isso é sempre, todo ano, a maior estatística é por conta de comportamento errado de condutor”.

Ele explicou que os outros 3% são ocasionados por defeito mecânico e somente 1%, proveniente de defeito da via, o que mostra que a duplicação não será a solução para as mortes. “A questão da duplicação é algo que não se discute, é preciso duplicar, mas isso não vai mudar a imprudência.

Usar acidente de trânsito para poder forçar a duplicação, é um pouco de demagogia, porque se for pego o levantamento na BR-101, que é duplicada e pegar um trecho igual à da BR-470, você vai ver que tem mais acidentes na que é duplicada do que na 470. Depois de duplicada a BR-470 vai continuar matando, porque as pessoas usam a rodovia como pista de corrida”, enfatiza o policial.

De acordo com a assessoria da Polícia Rodoviária, o trecho com maior número de acidentes é o que corta Rio do Sul, onde o trânsito local da área urbana se mistura com o de passagem na rodovia.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Porém, o trecho com acidentes mais violentos e o que mais causa vítimas fatais, é o de Pouso Redondo, devido às curvas da chamada “Serra da Santa” e à alta velocidade dos veículos na parte plana.

Outro local que causa acidentes graves, é o trecho que fica próximo ao Hospital Comunitário Annegret Neitzke, no Km176, onde um pedaço da rodovia foi duplicada há alguns anos, com pouca sinalização do término das faixas duplas e más condições na pista.

Thiago Ellan Koch, que reside em Taió mas tem família em Pouso Redondo e faz esse trecho com frequência, fala que um dos problemas nesse local, é a falta de sinalização.

 

“Em ambos os sentidos as faixas centrais e laterais estão apagadas ou quase apagadas e para o motorista que não conhece o trecho, é muito fácil se manter em sentido contra mão por falta de sinalização”.

 

Ele comentou ainda, sobre as más condições desse trecho da rodovia.

 

Ali não há mais asfalto, apenas crateras. Do trevo de Taió sentido ao Centro de Pouso Redondo, em frente ao Hospital, há um alto desnivelamento da pista lenta para a pista rápida, onde se pega o motorista desprevenido pode fazer perder o controle e causar um grave acidente”.

 

E assim como o policial rodoviário, Thiago diz que outro problema, é a imprudência dos motoristas com excesso de velocidade.

 

“Do que eu percebo, após a duplicação do local a velocidade média aumentou, talvez até por consequência da falta de paciência dos motoristas. Por exemplo, quando um veículo está na pista lenta, o que vem atrás aumenta a velocidade para ultrapassar e muitas vezes força a ultrapassagem. Juntando o excesso de velocidade às mas condições do asfalto e falta de sinalização, o resultado desde a duplicação é esse: um acidente atrás do outro”, finalizou.

 

Neste fim de semana, um acidente grave aconteceu nesse trecho, com uma colisão frontal de dois veículos. Segundo a PRF de Rio do Sul, o acidente envolveu um carro com placas de Salete em que os dois ocupantes ficaram gravemente feridos e foram encaminhados para o Hospital Regional de Rio do Sul. No outro carro, com placas de Rio do Sul, estava o motorista, Geovane Gonçalves, de 34 anos. Com o impacto, o carro acabou pegando fogo e a vítima que estava presa nas ferragens, morreu carbonizada. As causas do acidente ainda serão investigadas.

 

Por Elisiane Maciel

Diário do Alto Vale

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