Menor que matou ex-namorada com 81 facadas vai cumprir três anos de internamento

Natália Pinheiro Eger, de 16 anos, foi morta em novembro na cidade de Rio do Sul.

Enviar no WhatsApp
Menor que matou ex-namorada com 81 facadas vai cumprir três anos de internamento

Foto: Divulgação / Diário do Alto Vale

O adolescente de 17 anos que matou a ex-namorada, Natália Pinheiro Eger, de 16 anos, com 81 facadas no dia 25 de novembro em Rio do Sul vai permanecer no Casep. É que o juiz Geomir Roland Paul, responsável pela Vara da Infância e Juventude acatou parcialmente a representação do Ministério Público que pediu uma medida socioeducativa de no máximo três anos de internação. A sentença foi dada nesta quarta-feira (16) por volta das 19h.

O magistrado explica que a sentença foi dada levando em consideração a as provas colhidas pela polícia e a confissão do próprio adolescente e que ele não terá o direito de recorrer em liberdade. “Acolhi a procedência em relação aos crimes de homicídio qualificado e ocultação de cadáver, mas desqualifiquei a imputação de lesão corporal”, disse.

Geomir explicou ainda que a cada seis meses será feita uma reavaliação do comportamento do menor. “Em alguns casos já se permitiu o menor de sair do internamento, ou troca por liberdade assistida. Tudo depende da situação do adolescente”.

O corpo da jovem, que estava grávida, foi encontrado em um matagal no bairro Eugênio Schneider depois que o adolescente confessou o ato infracional. À polícia o garoto relatou que eles tinham discutido e ele pegou uma faca grande de cozinha e feriu o pescoço de Natália. Depois convenceu a ex-namorada a ir com ele até a casa da avó para cuidarem do ferimento, mas no caminho cometeu o assassinato.

Internamento no Casep

O coordenado do Casep Patrick Münzfeld explica que desde a sexta-feira o adolescente, que estava isolado, está sendo inserido ao convívio com os outros internos e vai passar a ter uma rotina como eles que inclui aulas, ginástica laboral, educação física e participação em vários projetos como horta e mini-fazenda. “Errado todos são então não podemos ter mais cobrança com um ou com outro. Todos recebem tratamento igual e tem uma rotina com muita disciplina, eles não fazem o que querem. Aqui a justiça é feita. O internamento é uma punição para a ressocialização, mas não com dor como muitas pessoas querem”, falou.

Ele revelou que a maioria dos internos, assim como no caso Natália, estão no local por terem cometido homicídio, tráfico e roubo. Na unidade eles também recebem acompanhamento de um grupo de profissionais, o que possibilita a ressocialização. “Nossa dificuldade geralmente é quando o adolescente sai porque na maioria dos casos já tem um histórico de problemas na família. Muitas vezes ele não é bem recebido ou não tem condições básicas como alimentação e educação. Aqui não podemos garantir que eles vão mudar, mas a gente oportuniza o caminho da mudança”, comentou.

A psicóloga do Casep, Juliana Régis da Silva, conta que todos os adolescentes recebem um Plano Individual de Atendimento, o PIA, que está previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente, que proporciona atendimento integral aos internos. Ela comenta que nas sessões com os menores procura incentivar uma reflexão sobre o auto-conhecimento. “Fazemos atividades que enfoquem a história de vida, porque as vezes ele vive de uma forma que não entende que as escolhas dele desde de lá de traz foram erradas e levaram ele a chegar aqui no Casep. É uma busca pela reflexão”, revelou.

A profissional completou dizendo que na unidade eles fazem um trabalho de planejamento de vida e cada interno precisa colocar no papel vários objetivos. “Ele tem que colocar o que pretende fazer quando sair do Casep, isso é uma coisa pra vida dele. Esse projeto de vida também é colocado no relatório que vai para o juiz e o juiz vai avaliar se ele está apto a sair e se ele se arrependeu. Como ele compreende o ato infracional que praticou”.

Família não concorda com sentença

Desde a morte da adolescente, a família dela pedia justiça, mas em entrevista após o julgamento do crime a mãe de Natália, Silvia Maria Machado Pinheiro afirmou que nem mesmo o internamento do menor aliviaria o sofrimento de todos já que nada traria a adolescente de volta e que não aceita a sentença. “É muito pouco pelo que ele fez. Ontem pegamos o laudo da morte dela e vimos que ele foi muito cruel, foi muita judiação e a gente não consegue entender. Cada dia que passa a dor fica pior e a saudade dela só aumenta. Eu e meu filho só dormimos com remédio”, falou.

Para ela o internamento não vai possibilitar a recuperação do adolescente. “Eu não acredito que ele vá mudar. Quando ele sair vai fazer de novo com outra pessoa. Para nós é difícil aceitar o que aconteceu”, conclui.

Helena Marquardt / Diário do Alto Vale 

Outras Notícias

PUBLICIDADE

Utilizamos cookies para oferecer melhor experiência, melhorar o desempenho, analisar como você interage em nosso site e personalizar conteúdo. Confira nossa Política de privacidade e nosso Termo de uso.

Concordo