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Vereadores e servidor de Agrolândia são condenados por viagem ao Paraguai para turismo com dinheiro público

Eles usaram como pretexto um curso de aperfeiçoamento legislativo em Foz do Iguaçu para viajar com as despesas pagas pela Câmara.

Vereadores e servidor de Agrolândia são condenados por viagem ao Paraguai para turismo com dinheiro público Foto: DAV / Divulgação

Há dias não se fala em outra coisa na pacata e simpática Agrolândia, no Alto Vale do Itajaí, que tem pouco mais de 9 mil habitantes: a confirmação da condenação de cinco ex-vereadores e de um servidor do Legislativo por improbidade administrativa pela 1ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça.

A história aconteceu em 2006, quando os acusados Jonas César Will (PSDB), Lauri Narciso (PSDB), Amarildo Michells (PT), Charles Piske (PSDB) e João Miguel da Costa (PSDB), além do servidor Ademar Randünz, sob o pretexto de participar de um congresso de aperfeiçoamento legislativo em Foz do Iguaçu (PR), gastaram dinheiro público fazendo turismo no Paraguai.

O grupo foi condenado ao ressarcimento dos valores recebidos na ocasião a título de diárias e inscrição no evento, multa civil, pagamento de 10 salários mínimos por danos morais coletivos e suspensão dos direitos políticos pelo prazo de oito anos. O valor total da ação que consta no processo soma R$ 641 mil.

Nas rodas de conversa, no rádio e na rua os moradores comentam sobre a decisão divulgada na quarta-feira da semana passada. Além de confirmar a condenação dos réus pelo passeio em Foz do Iguaçu (PR), o desembargador Paulo Henrique Moritz Martins da Silva ainda deu lição de moral aos condenados:

“Uma comunidade do interior, como Agrolândia, não merece menos consideração que centros maiores. A pureza das pessoas das cidades menores não pode representar um imaginário de ingenuidade que não seja capaz de perceber as chicanas, as verdadeiras sabotagens que alguns ainda insistem em perpetrar”, pontuou o desembargador em seu voto, seguido de forma unânime pelos demais integrantes do órgão julgador.

O texto vai além. Cita que há muito tempo se diz que o crime não compensa e a improbidade também não. No processo foi incluída na condenação a perda da função pública dos réus e a proibição de contratar com o poder público ou receber benefícios ou incentivos fiscais pelo prazo de 10 anos.

Até o fechamento desta reportagem, o Santa não localizou os réus nem seus defensores.

ENTENDA O CASO

O fato, ocorrido em janeiro de 2006, teve repercussão nacional por meio de reportagens publicadas nos principais órgãos de comunicação do país:

- No dia 31 de janeiro, o Jornal Nacional, da Rede Globo, exibiu uma reportagem denunciando o mau uso do dinheiro público. Vereadores que deveriam estar participando de curso de formação foram flagrados fazendo turismo.

- Para comprovar o esquema, a reportagem da RBS participou de cursos ministrados em Balneário Camboriú, entre 17 e 21 de janeiro, e em Foz do Iguaçu (PR), entre 24 e 27 de janeiro.

- Em Foz do Iguaçu, cinco vereadores de Agrolândia e um servidor foram flagrados fazendo compras em Ciudad del Este, no Paraguai, em pleno horário do curso.

- Na ocasião, o vereador Jonas César Will (PSDB) disse ao repórter – que se fez passar por um parlamentar e usou uma câmera escondida para comprovar a denúncia – que já tinha assinado a presença de todos os dias.

- Um dia depois da exibição da reportagem, o parlamentar se justificou dizendo que por uma “bobeira” tinha assinado a presença de todas as aulas, mas garantiu que participou de todos os dias de curso. Sobre o uso do carro oficial para compras, negou que o grupo utilizou o veículo para fins particulares.

Jornal de Santa Catarina 

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