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Moradores de prédios interditados em Ituporanga recorrem ao MPSC

Medida seria para prevenção de uma possível propagação do coronavírus. MPSC entendeu que isolamento é legal.

Moradores de prédios interditados em Ituporanga recorrem ao MPSC Foto: Diário do Alto Vale / Reprodução

Reportagem Helena Marquardt/DAV

 

Moradores dos edifícios interditados em Ituporanga no sábado (21) para prevenção de uma possível disseminação do coronavírus procuraram o Ministério Público para tentar suspender a medida. O órgão, no entanto, se posicionou favorável ao isolamento. Em reportagem exclusiva ao DAV os moradores relatam como tem lidado com a quarentena, que vai durar pelo menos 14 dias, e afirmam estar se sentindo desassistidos pela prefeitura e correndo mais risco de contaminação.

O empresário do ramo de TI, Andreini Cesar Lohn, é um dos moradores conta que após uma família de seu prédio voltar do exterior, se isolar e mais tarde apresentar sintomas de coronavírus, todos os condôminos foram pegos de surpresa com a interdição do prédio. “Estão alegando que mesmo as pessoas assintomáticas tem que ficar em quarentena, mas a família quando retornou foi direto para seu apartamento, não teve contato com ninguém e não saiu, mas a prefeitura alega que eles utilizaram áreas comuns como o playground e salão de festas. Queríamos que tivessem pelo menos verificado os fatos, poderiam ter visto nas câmeras que eles não saíram do apartamento, mas não nos deixaram argumentar nada. Isolaram todos”, disse.

Ele afirma ainda que todos estariam se sentindo mais inseguros e desassistidos desde que foram isolados. “Deveriam  pelo menos higienizar as áreas comuns do prédio. A gente teve que ir atrás  até para saber o que seria feito com o lixo porque pediram para deixar nos apartamentos  e só depois de cobrarmos muito dispuseram horários para descer o lixo,  então não estamos tendo nenhum amparo da prefeitura. Aqui dentro estou sentindo mais risco de ser infectado por alguém de fora , principalmente quando vamos buscar as compras ou a entrega de algum remédio da farmácia. Qualquer um pode estar trazendo o vírus porque não está  sendo feito nenhum controle, nenhuma higiene, nenhuma precaução”, opina.

Outro morador, que preferiu não se identificar, afirma que o isolamento de um prédio inteiro não é recomendado nem pelo Ministério da Saúde e que a própria Vigilância Sanitária e Epidemiológica não indica essa medida. “Isolaram o prédio inteiro e ninguém pode entrar ou sair sob o risco de ser preso. Alguns aceitaram, mas outros ficaram revoltados porque dos 22 apartamentos que temos aqui, 21 não tem nenhuma pessoa com sintomas. Nas orientações dos infectologistas do Ministério da Saúde em nenhum local onde houve casos confirmados nenhum prédio foi interditado. Está totalmente em desacordo com a orientação do Ministério da Saúde. Não se teve contato direto com a família e a denúncia é uma suposição” ressaltou.

 

Parecer do Ministério Público

Após as denúncias de moradores, o Ministério Público indeferiu o pedido para instauração de Inquérito Civil para apurar os fatos alegando que todo cidadão tem o direito de ir e vir, mas que se tratando de uma questão de saúde pública a medida do município foi adequada.

A Procuradora Municipal e Membro do Comitê de Gerenciamento da Crise para Enfrentamento da Pandemia causada pelo Covid-19, Laura Cellarius, afirma que foi instituída uma resolução da Secretaria de Saúde que possibilita a adoção de medida de quarentena e que ela seria fundamental para o monitoramento epidemiológico da doença na cidade. “O MP entendeu que em tempos difíceis é necessário pensarmos de forma coletiva e não individual, então apesar de excepcional, entendeu-se adequada a medida administrativa adotada pelo Município de Ituporanga. Vale ressaltar também  que a quarentena  é para o monitoramento epidemiológico da evolução já que vírus contém um período de incubação de 2 a 14 dias”, esclareceu.

Ela completa dizendo que todos estão sendo assistidos. “Todas as orientações foram dadas aos síndicos dos prédios referente as medidas sanitárias e inclusive disponibilizamos um psicóloga para atendimento de quem necessitar. Tudo que pode ser feito para dar orientação e acompanhamento a essas pessoas está sendo feito.”, finalizou.

 

Por Diário do Alto Vale

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