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Lucas Bornhausen é condenado por morte de Katlyn Dias

Lucas Bornhausen é condenado por morte de Katlyn Dias Foto: DAV / Divulgação

A Câmara de Vereadores do município de Agrolândia ficou movimentada ontem desde as nove horas da manhã. Esse foi o local definido pela Justiça para o julgamento do jovem Lucas Bornhausen, de 21 anos, acusado da morte de Katlyn Dias, de 16 anos. Do lado de fora um esquema de segurança foi montado com viaturas e efetivo da Polícia Militar. Uma faixa amarela colocada do lado de fora em frente ao local do júri popular, reforçava o pedido de justiça com a frase “Todos por ela”. A mesma frase estampava camisetas junto com a imagem da adolescente assassinada, que eram usadas por familiares, parentes e amigos que lotaram o auditório. Após horas de julgamento que se estenderam pela noite, o jovem foi condenado a 16 anos, sete meses e 10 dias de prisão em regime fechado pela morte da adolescente. A defesa afirma que vai recorrer da decisão.

No canto esquerdo de quem assistia ao júri estava o réu que permaneceu boa parte do tempo de cabeça baixa, ao lado do advogado de defesa Jeremias Felsky, onde acompanhou o depoimento das testemunhas de acusação e defesa, até a hora de ser interrogado.

Os pais de Katlyn permanecerem atentos a tudo, e em alguns momentos ficava difícil controlar a emoção. Valeska Fronza, irmã da adolescente, aceitou conversar com a reportagem do Diário do Alto Vale, no corredor da Câmara de Vereadores. “Todos da nossa família estão aqui, a gente está com muita fé de que realmente a justiça vai ser feita, ele já tirou minha irmã, ela não volta, então a gente espera que ele pague pelo que fez porque a gente sabe que foi ele”, falou emocionada.

Valeska também explicou que a família tinha conhecimento do relacionamento que Katlyn tinha com Lucas, mas que a relação nunca foi oficializada. “Em nenhum momento ele fez parte da nossa família, a gente sabia que ficavam, mas em nenhum momento a gente sabia como era o relacionamento dos dois”, declarou.

Embora tivessem pouco contato, não demorou muito para que a família considerasse Lucas Bornhausen, que na época tinha 19 anos, o principal suspeito do assassinato da adolescente. De acordo com Valeska as versões apresentadas pelo jovem não condiziam com as mensagens que Katlyn havia enviado para uma amiga. “A gente conversou com ele, ele disse que não via ela há meses, que ele não falava com ela, mas ele estava todo arranhado, estava dando várias versões, a partir dali a gente suspeitou que ele poderia estar com ela naquela manhã e ter cometido alguma coisa”, afirmou.

Na época foi levantada a suspeita de que a vítima estivesse grávida, fato que foi desmentido após a realização de exames. Para o advogado de defesa, Jeremias Felsky, Lucas não tinha motivação alguma para praticar o crime. “Eles se encontravam periodicamente, houve uma suspeita de gravidez, mas isso coisa de jovens, adolescentes, nada de contundente que pudesse levar a um desfecho tão violento e tão trágico”, afirmou.

Lucas era acusado de homicídio qualificado, por motivo torpe, meio cruel e recurso que impossibilitou ou dificultou a defesa da vítima, além de ocultação de cadáver. A defesa alega negativa de autoria, Felsky relata que Lucas estava no local e presenciou o crime, mas não praticou, e que os arranhões teriam sido o pedido de ajuda da vítima. “Nós não vamos pedir nenhum tipo de desqualificação, nós não vamos pedir a absolvição, nós vamos simplesmente apontar quem foi o assassino da Katlyn, o Lucas vai negar porque ele não praticou esse homicídio”, declarou.

Felsky também afirmou o cliente assumiu a culpa em um primeiro momento por temer o verdadeiro autor do crime. “Ele apenas assumiu por medo, ele não teve participação na morte da Katlyn. Sei quem é e ele está presente, no momento oportuno vai ser apontado, aí a decisão caberá ao conselho de sentença”, revelou.

Sobre o motivo de não apresentar essa versão antes, em outras fases do processo a defesa declarou que o Judiciário negou um novo depoimento de Lucas por três vezes. “O defensor que ele tinha anteriormente, pediu para ele ser ouvido em juízo, o próprio Lucas de punho pediu ao juiz para ser ouvido. Depois eu apresentei uma notícia crime e apontei o eventual autor, que precisa ser investigado também e que o Lucas fosse ouvido, lamentavelmente ficou para hoje, se ele tivesse sido ouvido quando ele gostaria, com certeza ele não estaria no júri hoje e estaria solto”, declarou.

A família da vítima descarta totalmente a possibilidade da versão apresentada pela defesa de Lucas. De acordo com Valeska não existe dúvida alguma da autoria do crime. “A gente tem certeza que foi ele, isso não passa de uma estratégia para ele confundir os jurados, confundir a população, mas a consciência dele também sabe que foi ele e a gente espera que ele pague pelo que fez”.

A irmã da vítima comenta que os dias de espera pelo júri foram muito difíceis para toda a família. “A gente tem sofrido muito, porque a gente nunca teve uma perda tão grande na nossa família, a forma como foi, então é muito difícil, a gente passar por tudo isso, nós esperamos um ano e oito meses para estar aqui hoje e vendo que a justiça vai ser feita” declarou.

Relembre o caso

Em dezembro de 2014 a jovem estudante Katlyn Dias, de 16 anos desapareceu. No dia 17 daquele mesmo mês ela foi encontrada morta na localidade de Carrapato em Pouso Redondo. Segundo o laudo do Instituto Médico Legal (IML) a morte foi ocasionada por traumatismo craniano provocado por uma pedrada. Lucas Bornhausen, que tinha 19 anos e na época mantinha um relacionamento com a vítima, foi considerado o principal suspeito. Ele chegou a confessar a autoria do crime, mas voltou atrás. Desde então o jovem aguardava o julgamento no Presídio Regional em Rio do Sul.

Albanir Júnior / DAV

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