Fernanda Ribeiro, 30 anos, está fora de sua casa há uma semana. Ela amamenta o pequeno Davi, que acaba de completar um mês de vida, sobre a cama montada ao lado de outras duas. Alguns armários, geladeira, fogão e outros móveis delimitam o espaço que ela divide com mais seis pessoas de sua família e que, por enquanto, chama de casa.
Ela é uma das 152 pessoas que já procuraram os abrigos em Rio do Sul desde o início do alerta de chuvas ainda na semana passada. Há seis abrigos acionados que ainda podem receber famílias, sendo dois no Bela Aliança e um em cada mais atingido: Taboão, Progresso, Santa Rita e Barragem. Uma pequena vila se montou dentro do salão da Comunidade Evangélica Bela Aliança, um dos bairros mais afetados pelas chuvas que atingiram Rio do Sul entre quinta e sexta-feira.
Na área que é a casa de Fernanda ela cuida do filho recém-nascido e de outro de pouco mais de um ano. Junto com ela ainda estão o marido e outros parentes que deixaram a casa e levaram seus pertences ao abrigo no dia 11 de outubro. Não sabem quando voltarão para casa:
— A gente conseguiu tirar tudo e aqui se vira como pode. Sei que hoje (sexta-feira) já tem água dentro da minha casa e não sei quando eles vão liberar pra gente voltar. Por enquanto, vamos ficando aqui.
A casa de Fernanda fica numa das áreas mais próximas ao rio no bairro Bela Aliança, um dos primeiros a alagar com a cheia do Itajaí-Açu. Na tarde de sexta-feira o acesso principal à região ficou bloqueado e as várias casas nas ruas transversais já tinham água ao menos na metade do muro. Muitas pessoas terminavam de tirar ou últimos pertences e buscavam locais seguros para esperar a água baixar.
Era o caso da diarista Amanda Hersing Klaumann, 45 anos, que esperava no abrigo da Comunidade Evangélica Bela Aliança o retorno de alguns familiares que haviam ido até a casa retirar as portas da casa para que não estragassem com a água da enchente. Ela também está no abrigo desde o dia 11 com mais nove pessoas. Como um dos netos no colo, ela conta que cada vez que o rio sobe o sofrimento é maior.
— Se der mais uma noite de chuva como foi a que passou vai encher até o Centro de Rio do Sul. Eu tinha voltado pra casa anteontem (quarta-feira), mas voltei hoje (sexta-feira) porque a chuva que deu subiu muito. Lá em casa entro com 8,60m, estou torcendo pra não entrar dessa vez — disse sexta antes das 18h, quando a Defesa Civil informou que o Rio Itajaí-Açu bateu a marca de 8,66m.
Jornal de Santa Catarina