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Família de menina morta por policiais federais em 2009 em Ibirama ainda aguarda julgamento

Família de menina morta por policiais federais em 2009 em Ibirama ainda aguarda julgamento Foto: Diário do Alto Vale

Mais de cinco anos já se passaram desde que a menina Aline Ribeiro das Neves de 11 anos foi morta por policiais federais enquanto dormia em casa em Ibirama. E mesmo depois de tanto tempo, a família ainda busca justiça já que os acusados continuam sem ser julgados e o dinheiro da indenização que teria que ser paga aos pais da criança nunca foi recebido já que a União recorreu da decisão dada em 2013.

Sem nenhum desfecho da história, a mãe de Aline, a costureira Maria Elaine Neves conta que a vida da família está parada. “Fica uma sensação de impunidade muito grande. Pois já acompanhamos casos que aconteceram depois do crime que tirou a vida da minha filha e já foram julgados, mas com a gente as coisas não vão pra frente. Só poderemos tocar nossa vida quando os culpados pagarem pelo que fizeram”, afirmou.

Ela explica que os policiais acusados pelo crime têm utilizado todas as formas legais para adiar o julgamento e que agora o processo corre no Tribunal Regional Federal da 4ª Região em Porto Alegre já que eles recorreram. Depois que uma decisão sair, os réus ainda poderão recorrer novamente em Brasília e só então a família saberá se eles irão ou não a júri popular. “Infelizmente tudo é muito lento. Apesar de o caso ter sido entregue resolvido para a justiça, com os culpados, as armas e todas as provas, eles ainda não foram julgados e isso nos deixa indignados. Se fosse a filha de alguém rico teria sido diferente”, desabafou.

A costureira diz que a saudade da filha só aumentou com o tempo e ela espera que a justiça seja feita o mais breve possível. “Vejo meninas que são minhas vizinhas e tem a mesma idade que minha filha teria hoje, 16. Fico imaginando como seria se ela estivesse aqui. De manhã quando acordo pra trabalhar é o momento em que mais penso nela, pois sempre ia olhar os três antes de sair e agora só vejo meu filho de 20 e minha outra filha de oito. Final de semana também é muito triste porque é o único dia que todos almoçam juntos, mas falta ela”, destacou.

União foi condenada a pagar indenização

A Justiça Federal condenou a União a pagar R$ 500 mil de indenização por danos morais à família de Aline Ribeiro das Neves, que morreu por causa de um tiro de arma de fogo disparado por um policial federal. A sentença foi dada em março de 2013, mas a União recorreu e agora o processo segue na justiça. A União foi condenada a pagar ainda R$ 2,3 mil de indenização por danos materiais, referentes às despesas com o funeral da vítima.

A sentença foi dada pelo juiz Marcelo Roberto de Oliveira, da Vara Federal de Rio do Sul. O magistrado não aceitou a alegação da defesa da União, de que os policiais não estavam em serviço no momento do fato. “Ambos se encontravam em missão oficial na região e, no momento, estavam de sobreaviso”, considerou Oliveira. “Os danos causados foram produzidos por agentes públicos no exercício da função, (…), utilizando arma de fogo, munição e viatura do Departamento de Polícia Federal”, observou.

Na decisão ele também pediu desculpas à família da criança. “Em nome do Estado peço desculpas pelo acontecido, pela inexplicável ação que causou a morte da Aline, por ela ter sido retirada do convívio de vocês sem nenhuma chance de um último abraço, um último carinho, um até logo. Vocês levarão consigo esse fardo pesado, difícil de carregar, mas saibam que de modo algum o que aconteceu foi culpa sua, o Estado errou, e esse pedido de desculpas que faço, no presente momento, visa de alguma forma, mesmo que mínima, reparar o que foi feito, e aliviar, mesmo que por um instante, a Vossa dor”, diz o juiz na decisão.

Menina foi morta enquanto dormia

O crime aconteceu na SC-340 em Ibirama, no dia 8 de fevereiro de 2009, por volta das 4h30mim, quando Aline, à época com 11 anos de idade, dormia em sua residência e foi atingida por disparo efetuado por um policial federal que participava da Operação Pacificadores durante confrontos entre indígenas e agricultores em José Boiteux.

Ele e outro agente voltavam de uma festa e atiravam em placas às margens de uma rodovia. Um dos tiros atingiu o coração da menina, que chegou a ser levada ao hospital, mas não resistiu.

Diário do Alto Vale

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