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Defesa Civil de SC vai a Brasília negociar solução para situação dos índios em barragem de José Boiteux

Governo do Estado vai reivindicar posse das terras para promover melhorias à comunidade indígena

Defesa Civil de SC vai a Brasília negociar solução para situação dos índios em barragem de José Boiteux Impasse se arrasta por anos em José Boiteux (Foto: Gilmar de Souza / Agencia RBS)

O índio Silvio Vicente não lembra o dia, só o horário. Eram 2h25min de junho de 2014 quando a água começou a invadir os cômodos. Cinco horas depois, não havia tempo para tirar mais nada: o nível estava no forro. Sempre que as comportas da Barragem Norte em José Boiteux, a maior em contenção de cheias do Brasil, são fechadas, represando o rio Hercílio, as casas de Vicente e de muitas outras pessoas são atingidas na Terra Indígena Laklãnõ-Xokleng, no Alto Vale. 

Por isso, em forma de protesto, 54 famílias estão acampadas em barracos em torno da estrutura desde o dia 9 de junho de 2014, impedindo a operação do sistema de prevenção, manutenção dos equipamentos e a entrada de funcionários do Estado. 

Para tentar resolver a questão, a Defesa Civil negocia com a União hoje em Brasília o repasse do território para o Estado para levar melhorias aos índios. Enquanto não se chega a uma solução, casas improvisadas de troncos de madeira e lona dividem o cenário de montanhas verdes com o concreto da barragem. 

As águas do rio Hercílio agora parecem calmas, diferente de quando faltavam apenas 75 centímetros para passarem por cima do vertedouro na última enchente, em 2014. A vice-cacique da aldeia Palmeirinha, Alakoke Pate, perdeu a casa que levou três anos para construir em um deslizamento nas enxurradas de 2008. No ano passado, trouxe a família para morar num espaço improvisado, onde a luz e a água são puxadas da barragem. 

O mesmo ocorre com Geomar Crendo, que aproveitou a parede da estrutura para montar um barraco de chão batido. Em um cômodo de 15 metros quadrados vivem três pessoas. Para o cacique-geral, Setembrino Camlem, a situação é grave. 

– Não somos contra a barragem, mas sim contra os governos federal e estadual que não trazem uma solução para as comunidades indígena e não indígena, que acabam sendo afetadas se a barragem não funciona. Cada vez que chove ficamos sem acesso, sem estradas, sem escola e sem água potável – explica.

Diário Catarinense 

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