Geral

Cunha rompe com governo: "Essa lama, eu não vou aceitar"

Cunha rompe com governo: Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil

Acusado por lobista ter recebido US$ 5 milhões de propina, deputado atribui ao Planalto uma articulação para envolvê-lo na Lava-Jato

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), anunciou sua saída do governo na manhã desta sexta-feira, em uma entrevista coletiva. Acusado pelo lobista Júlio Camargo de ter recebido US$ 5 milhões de propina, o deputado atribui ao Palácio do Planalto uma articulação para envolvê-lo na Lava-Jato.

— Saibam que o presidente da Câmara hoje é oposição. O governo sempre me viu como uma pedra no sapato, tem um ódio pessoal contra mim. O governo fez tudo para me derrubar, não me queria como presidente da Câmara — afirmou.

A propina seria para viabilizar um contrato de navios-sonda da Petrobras para a empresa Toyo Setal. O parlamentar disse que a delação de Camargo ao juiz Sério Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, é "nula" por ter sido feita à Justiça de primeira instância e lembrou que, como parlamentar, tem foro privilegiado e só pode ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Cunha disse que, como deputado, não aceita que o PMDB faça parte de um governo que quer arrastar os que o cercam "para a lama".

— Está muito claro para mim que esta operação é uma orquestração do governo. Essa lama, eu não vou aceitar estar junto dela — afirmou Cunha. 

Cunha disse que seus advogados vão pedir a transferência do processo de investigação para o STF. 

— O juiz não poderia conduzir o processo daquela maneira. Vamos entrar com uma reclamação para que venha [o processo] para o Supremo e não fique nas mãos de um juiz que acha que é dono do país.

Se dizendo "indignado, muito indignado" com o que chamou de "orquestração política" para derrotá-lo, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou haver no Palácio do Planalto "um bando de aloprados" que, segundo ele, "vive de criar constrangimentos".

O rompimento com o governo, deverá, neste primeiro momento, se restringir apenas ao peemedebista. Embora tenha enorme influência sobre a bancada do PMDB da Câmara, Cunha afirmou que a decisão se limita a ele:

— Esta é a minha posição, não do partido. A posição do partido é o PMDB que vai decidir — informou Cunha. 

Entre as retaliações ao governo que devem ser colocadas em prática está além da convocação de ministros mais próximos de Dilma, logo após o final do recesso parlamentar, a instalação das Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) para investigar o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) e os Fundos de Pensões. Para atormentar o sono do Palácio do Planalto, contrário à criação das comissões, articula-se a entrega das relatorias a integrantes da oposição.

Na véspera do anúncio de rompimento, Cunha procurou o vice-presidente da República, Michel Temer, e tiveram uma conversa na Base Aérea de Brasília momentos antes do vice deixar a capital federal. Segundo relatos, o presidente da Câmara se mostrava "indignado".

Zero Hora 

 

Outras Notícias