Agricultura

Reduz plantio direto de cebola

Nova safra inicia com expectativa de aumento em 5% na área cultivada e a volta ao sistema tradicional de plantação 

Reduz plantio direto de cebola Divulgação

Depois de uma safra de cebola que encerrou com preços na casa dos R$3,50 o quilo, o momento agora é de iniciar uma nova plantação. Na Região da Cebola, já iniciaram o plantio, agricultores das regiões mais baixas e que apostam nas variedades mais precoces. Entre as tendências para esse novo ciclo, a redução das áreas cultivadas com o sistema de plantio direto e um aumento de pelo menos 5% na área de cultivo.

As projeções são feitas pela Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri). Daniel Schimitt, coordenador da Câmara Setorial da Cebola em Santa Catarina e coordenador regional da Epagri, explica que o aumento da área cultivada pela hortaliça no Estado de Santa Catarina está associada ao bom preço praticado pelo produto no final da safra 2017/2018. “Na região do Vale do Itajaí não temos mais a figura dos aventureiros, mas no Planalto Catarinense eles optam as vezes em sair do cultivo do grão e ampliar a área de cultivo da cebola e a experiência dos anos, mostra que essa é uma tendência em anos onde o preço praticado é animador”, aponta.

Porem, mesmo seguindo essa tendência, o aumento previsto para a área de cultivo para a nova safra está estimado em cerca de 5%, o que não é considerado como um grande impacto para o novo cultivo. “Nós analisamos da seguinte forma, estamos fechando os dados, mas a média de preço na safra passada deve ficar em torno de R$ 1,50 o quilo, no entanto, foram questões pontuais. Enquanto alguns cebolicultores venderam o produto por R$ 3,50, teve agricultor que vendeu praticamente toda a safra entre R$ 0,80 e R$ 0,90. Então, essa disparidade entre os preços na hora da comercialização vai fazer com que a nova safra não tenha um grande aumento na área de cultivo e praticamente se mantenha igual a anterior”, explica.

Redução no plantio direto

Outra tendência da nova safra, é a redução do cultivo por meio do sistema de plantio direto. Schimitt explica que o sistema tem sido ano a ano deixado de lado pelos agricultores por conta das questões climáticas que não são favoráveis na região do Alto Vale do Itajaí. “Nós temos novamente uma redução na semeadura direta, por conta que ainda é uma tecnologia não completamente adaptada as nossas condições de clima e de solo na região, Então ela não dá uma segurança para os nossos produtores”, comenta. Em contrapartida, o coordenador da Câmara Setorial da Cebola em Santa Catarina explica que o sistema tradicional com o transplante de mudas permite uma garantia maior no desenvolvimento da hortaliça. “Quando você coloca uma muda no solo, você tem ali uma planta com maior resistência que já tem um acumulado de energia capaz de resistir, por exemplo, a um período de clima adverso com uma estiagem, que uma sementinha ou uma mudinha muito pequena tem mais dificuldade”, explica.

Outra situação que tem dificultado a adesão e permanência do sistema de plantio direto no cultivo da cebola é a dificuldade de fazer uma distribuição espacial de sementes de forma adequada. “ Nos sistemas que nós utilizamos aqui, onde não podemos pulverizar demasiadamente o solo por problemas de erosão, então as semeaduras não conseguem fazer distribuição adequada que você vai conseguir depois bulbos com tamanho padrão, ou seja, a maior quantidade possível de bulbos caixa 3 por exemplo, que são os ideais para a comercialização”, ressalta.

Outra limitação da semeadura direta é a necessidade de se ter uma reserva de água para irrigação em casos de estiagem. “Como o plantio direto faz com  que o desenvolvimento da planta ocorra de forma mais artificial, não tão profunda na terra, esse sistema tem menos resistência em um período de estiagem. O agricultor que aposta nesse cultivo, ele precisa ter uma garantia de reserva de água, um sistema de irrigação capaz de dar a ele uma garantia para irrigar toda área constantemente se for necessário”, acrescenta.

Na região do Alto Vale o plantio direto surgiu como uma alternativa para reduzir a contratação da mão-de-obra, em um período onde eram freqüentes as fiscalizações por parte do Ministério do Trabalho. Porem, apesar de eficaz nesse quesito, o sistema de acordo com Daniel Schimitt, coordenador regional da Epagri no Alto Vale, tem se adaptado e tido resultados positivos apenas em regiões de clima mais seco, onde existe a possibilidade de controlar as irrigações e ter também um controle maior do clima.                  

Variedades cultivadas               

Outra tendência na safra que está iniciando é a redução no cultivo de variedades precoces. Nas regiões que iniciam os plantios agora, parte baixa de Ituporanga e Petrolandia, por exemplo, seguem as escolhas pelas variedades precoces e super precoces. Porem, nas áreas mais altas a tendência é o retorno as variedades bola e crioulas. “Na parte baixa, dentro do Vale,  continua a precoce, temos variedades adaptadas para essa produção. Representa entre 10% e 15% da produção catarinense. Já nas áreas mais altas, tem tido essa tendência ao retorno do cultivo de variedades mais tardias. No entanto, cada safra é uma safra. Já tivemos momentos que as cultivares mais tardias, que são as crioulas trouxeram bons resultados para os produtores como também teve períodos em que as variedades mais precoces também deram retorno”, pontua.

Schimitt acrescenta que praticamente todos os anos novas cultivares são lançadas na região e os agricultores tem buscado o que mais se adapta ao Alto Vale. “As novas cultivares ficam em um ciclo muitas vezes intermediário, entre as precoces e as crioulas que são as mais tardias, e esse cultivo tem sido bem aceito pelos produtores. Mas, temos notado que nos últimos anos as cebolas mais tardias tem dado retorno mais favorável que as precoces”, finaliza.

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