Agricultura

Prejuízo para os fumicultores

Levantamento da Afubra aponta que microrregião de Ituporanga tem maior incidência de incêndios em estufas

Prejuízo para os fumicultores Foto: CBM / Arquivo

 

O incêndio registrado na estufa de secagem de fumo na propriedade de Volnei Stadnick, na comunidade de Nova Alemanha, em Imbuia, na noite de 11 de janeiro, entra para uma triste estatística feita pela Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra). Até o momento nessa safra em toda a região Sul do país são aproximadamente 400 estruturas danificadas. O que chama atenção é que entre Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul, a maior incidência está na região de Ituporanga.

“Até o momento 389 estufas foram incendiadas nessa safra, contra 174 do mesmo período do ano passado. A microrregião mais atingida é de Ituporanga com 77 estufas, seguida pela região de Santa Cruz do Sul (RS) com 72 e 55 estruturas danificadas na microrregião de Camacan (RS)”, conta Benício Albano Werner, presidente da Afubra.

No interior de Imbuia, quando os bombeiros chegaram ao local, a estrutura (estufa de fumo) estava completamente em chamas, com o teto e partes da parede colapsadas.

Foi efetuado o combate com ataque indireto e direto com utilização de ventilação forçada. Foram gastos 10 mil litros d’água e a guarnição dos bombeiros contou com o auxílio de um caminhão pipa que foi acionado via COBOM para auxílio. Felizmente, pelo trabalho rápido e eficiente dos bombeiros, da área total de aproximadamente 260 m² apenas 50 m² ficaram efetivamente destruídos pelas chamas.

Mas mesmo que parte da estrutura foi salva, os prejuízos para o produtor são representativos e prejudicam o andamento da colheita do restante do fumo que ainda está na lavoura. Com o intuito de colaborar e auxiliar os agricultores a terminarem a safra e diminuir essas perdas, a Afubra conta com o Sistema Mutualista, que é uma espécie de seguro para os produtores.

O presidente da associação explica que por meio desse sistema o produtor de tabaco recebe dinheiro suficiente para fazer a reconstrução da estrutura.

“Porque dificilmente todo o material é danificado. Parte do material se recupera. Dentro do valor que a gente coloca, está inclusive a parte do tabaco.

Nós chamamos e é um auxílio. E serve para aquilo que tem necessidade de recompor no patrimônio, para dar continuidade para que ele possa secar o resto do seu tabaco. O prejuízo que o produtor tem, o sistema mutualista cobre e dá condições de o produtor  imediatamente reconstruir a estufa”, revela.

Mas para ter acesso a esse benefício é preciso que o produtor fique atento. O maior cuidado é que o fumicultor não mexa na estrutura incendiada antes que um técnico da Afubra faça a perícia do local e conclua o laudo com os prejuízos.

“Até parece demorado quando dizemos que não se deve mexer antes que chegue alguém e que se conclua o levantamento dos prejuízos. Porém, sempre damos preferência nessa situação. Muitas vezes nossos técnicos chegam junto com os próprios bombeiros. Porque quando queima uma estufa, nós queremos sempre fazer esse atendimento logo para que o agricultor possa restabelecer o quanto antes a utilização da estrutura e dar sequência na colheita sem mais prejuízo”, explica.

O presidente da Afubra acrescenta que a agilidade nesse atendimento foi um dos quesitos elencados quando se passou a cobrir incêndios pelo Sistema Mutualista. “A gente entende que o produtor precisa desse dinheiro para reconstruir a estrutura, por isso é imprescindível fazer esse repasse o quanto antes”, pontua.

Hoje em dia os fumicultores trabalham na região basicamente com dois modelos de estrutura de estufas de secagem de fumo: as estufas consideradas tradicionais que são as de taco e as de secagem com ar forçado.

O presidente explica que até pouco tempo, havia estatísticas que as tradicionais eram que mais tinham incidência de incêndios e queimavam mais frequentemente, mas hoje tem se igualado os acontecimentos.

“Nós precisamos fazer trabalho junto ao nosso associado, até em parceria com as empresas, no sentido de informar os fumicultores. Aquelas estufas de ar forçado têm um sistema de trocador que eles chamam, onde a tubulação esquenta e leva esse ar quente de encontro ao tabaco, e de uma secagem para outra ele cria uma umidade e essa umidade fica depositada na parte de baixo desses canos, que não tem acesso ao fumo. O que acontece é que se não verificado esses  canos, de uma safra pra outra, essa umidade que fica acumulada faz com que a ferrugem danifique esses canos e abra buracos na estrutura e por esses furos acaba passando faíscas, que são levadas as folhas de tabaco e provocando os incêndios”, explica.

Werner comenta ainda que esses canos ficam danificados e mais propensos a causar problemas no quinto ou sexto ano de uso. “As empresas que fornecem esses canos garantem cerca de 10 anos de uso sem problemas. Até podem durar, mas precisa ter o cuidado, de quando encerrar a safra fazer a manutenção correta, para evitar esses problemas de deterioração e fazer a safra em segurança”, conclui.

Mais sobre o Sistema Mutualista

O auxílio por meio do Sistema Mutualista da Afubra existe desde 1957 e socorre os associados que tiveram danos na lavoura causados por ocorrência de sinistros como tempestades de granizo. A liberação do auxílio se dá a partir da quitação das contribuições pertinentes.

A partir de 1962 são concedidos auxílios para reconstrução aos associados que, durante a cura do tabaco, sofreram danos nas estufas por incêndio ou tufão. O valor é liberado imediatamente após o evento.

Em 1967 foi instituído o auxílio funeral atendendo mais uma necessidade social do fumicultor. O valor é liberado mediante a apresentação do atestado de óbito.

 

Por Adriane Rengel

Diário do Alto Vale

Outras Notícias