Agricultura

Preço do leite castigou produtores em 2017

Os fatores são a diminuição do poder de consumo e a importação de leite do Mercosul.

Preço do leite castigou produtores em 2017 Foto: Aline Kummrow/Divulgação

 

O ano de 2017 foi de quedas significativas no preço do leite e, por consequência, um ano de insegurança para o produtor. Segundo o gerente de produção da Cravil, Moacir Warmling, o fato se deve, principalmente a dois fatores, a diminuição do poder de consumo com os reflexos da crise e a importação de leite de países do Mercosul.

“Hoje a produção e o consumo estão próximos, algo em torno de 180 litros por habitante ao ano, com o consumo diminuindo temos uma sobra. E para piorar a situação, a importação de leite de países do Mercosul continuou ocorrendo e de maneira significativa”, explicou Warmling.

Em outubro, após uma decisão política, o governo bloqueou a importação do leite de outros países e a reação do mercado interno foi positiva, com leve aumento no preço pago ao produtor. Mas a medida não durou muito, e, segundo Warmling, no final de novembro e dezembro, com a volta da importação, o preço despencou mais uma vez.

Esse e outros assuntos foram tema de discussão durante a reunião do Conselho de Leite Cravil que ocorreu na semana passada. A cooperativa vem trabalhando ao longo do ano com os produtores de leite associados, na tentativa de aumentar a produtividade e diminuir os custos, visando minimizar os impactos do mercado.

Uma das ações tomadas em 2017 foi a contratação de um médico veterinário para auxiliar os produtores na parte de controle reprodutivo. O profissional, Claudio Brogni, apresentou aos conselheiros uma análise realizada em algumas propriedades até agora e explicou um pouco mais sobre o trabalho desenvolvido. “Uma fêmea precisa gerar um filho por ano, na maioria das vezes isso não acontece, devido a um período pós-parto muito longo ela fica vazia, e o produtor acaba perdendo com isso. Nosso trabalho é buscar a recuperação pós-parto, fazendo que a vaca entre no cio o quanto antes. Aumentar o manejo sanitário, ajustar desafios no manejo nutricional, e também no manejo mineral. Todos esses fatores têm impactos diretos com a saúde animal e, por consequente, com a produção de leite”.

Ainda há esperança

Embora o momento seja de insegurança para o produtor de leite, o associado Cravil de Rio do Oeste, membro do Conselho de Leite, Vanderlei Moser, acredita que o desafio está em se adequar a realidade. “Precisamos nos adequar as normas, o que exige a produção e a indústria, e sempre buscar alternativas para diminuir os nossos custos, para criar oportunidades e agregação de valor na atividade leiteira”.

Ao contrário de Vanderlei que é produtor de leite a base de pasto, o associado de Petrolândia Claudio Weber, investiu há dois anos em um sistema de confinamento, o Compost Barn. E assim como todos os produtores, sentiu a queda no preço do litro de leite. “É complicado, nosso custo aumenta, o preço baixa e isso reflete diretamente no lucro da propriedade. A gente sempre espera outro resultado, mas a nossa esperança continua, a expectativa é que o mercado reaja”, avaliou Weber.

Entre tantos desafios no setor leiteiro, o Conselho de Administração da Cravil traçou um planejamento para 2018, que está além do trabalho diretamente com o produtor: na implementação de tecnologias e no acompanhamento técnico. “A nossa proposta é organizar e avaliar todos os dados da produção de leite no Vale do Itajaí, um trabalho que já teve início em 2017 e vai seguir ao longo de 2018. Queremos saber como está a questão industrial na região e o mercado como um todo. Essas informações vão possibilitar que a Cravil possa se posicionar de uma maneira diferente com seus associados, para assim buscar a sustentabilidade da produção leiteira”, concluiu o presidente da Cooperativa, Harry Dorow.

 

Por Diário do Alto Vale

Outras Notícias