Agricultura

Escalonar venda pode ser uma boa opção

Cebolicultores devem estar atentos ao processo de seleção dos cerealistas.

Escalonar venda pode ser uma boa opção Segundo a Aprocesc o cebolicultor pode lucrar mais com a venda escalonada (Foto: Arquivo DAV)

 

No início desta semana o quilo da cebola chegou a ser comercializado ao valor de R$ 1. A expectativa da Associação de Produtores de Cebola de Santa Catarina (Aprocesc) é que esse valor possa ser ainda melhor até o mês de março. Isso ocorre porque a oferta dos estados do Paraná e Rio Grande do Sul tende a cair, tornando Santa Catarina e a região do Alto Vale do Itajaí protagonistas na comercialização.

De acordo com o presidente da Aprocesc, Luis Carlos Laurindo, o Calinho, os cebolicultores que possuem produtos de qualidade suficiente para armazenamento e não possuem compromissos financeiros a cumprir, devem aguardar para comercializar o produto. “Quem vender nesse valor de R$ 1 para baixo, tenho certeza que vai se arrepender de ter vendido, pois vai perder a oportunidade de ganhar um pouco de dinheiro”, adverte Calinho.

Ele também chama a atenção ao processo de comercialização junto aos cerealistas, que tendem a tornar mais rigoroso o processo de classificação da cebola, e inclusive, solicitou apoio da Cidasc para fiscalizar essas relações, e dar suporte ao produtor para que ele não seja prejudicado. “Vamos deixar que as máquinas façam a classificação do tamanho das cebolas sem que o colono tenha que estar lá junto fiscalizando, pois eles tem mais o que fazer em suas propriedades”, cobra.

Além disso, a Aprocesc pretende usar a tecnologia para evitar abusos por parte dos cerealistas. “Estamos criando um grupo de whatsapp entre todos os produtores para que estes possam trocar informações e denunciar abusos na compra do produto”, adverte.

Com o encerramento da colheita da safra 2017/2018, a grande parte da produção encontra-se armazenada e os produtores aguardam agora preços ainda melhores para comercializar a safra. Os dados apontam que houve redução da produção, fator que cria expectativa de preços mais atrativos que nas safras anteriores.

Daniel Schimitt coordenador da Camara Setorial da Cebola em Santa Catarina e gerente regional da Epagri no Alto Vale do Itajaí, explica que os problemas climáticos, principalmente ocorridos no mês de setembro, reduziram a produção esperada por hectare. “A expectativa de colher entre 29 e 30 toneladas em média, reduziu para algo em torno de 24 a 25 toneladas por hectare, o que em termos gerais representa uma redução considerável”, comenta.

Ele acrescenta que com essa redução, a expectativa de produção ficou em torno de 480 a 500 mil toneladas em Santa Catarina. Considerando que o ano foi mais seco, e que a qualidade do produto é boa, estima-se que desse montante sejam comercializados cerca de 380 a 400 mil toneladas. “Somando com o que tem em outras regiões, como no restante do Sul do Brasil, com as diminuições que também ocorreram principalmente no Paraná e no planalto do Rio Grande do Sul, nós devemos ter esse ano uma oferta menor aqui no Sul do país entre 100 e 120 mil toneladas, o que significa praticamente um mês de consumo, quando comparado com a safra 2016/2017. E essa redução de produto, cria uma boa expectativa para o mercado”, esclarece Schmitt.

Quando se fala em redução na produção entra em vigor a lei da oferta e da procura, quanto menos produto no mercado maior o preço praticado na hora da comercialização.

O presidente da Aprocesc acredita que esse será um bom ano para os produtores que têm sofrido com os baixos preços e problemas na comercialização nas últimas safras. “Acredito que nesse ano temos todas as chances para que os agricultores consigam bons preços. Se levarmos em conta a redução na produtividade, a boa qualidade do produto colhido, as dificuldades para a importação da cebola de outros países com o aumento da taxa de importação, são grandes as possibilidades de que os preços atinjam patamares animadores”, pontua.

Schmitt acrescenta que nesse início de mês encerra também a comercialização da cebola do nordeste. “Nós tivemos em 2017 uma oferta muito grande do Cerrado brasileiro, principalmente da região de Irecê, Bahia, que fez com que em novembro e dezembro, quando começou a comercialização da cebola Catarina, tivesse muita cebola no mercado, muita oferta do produto, o que não permitiu agora no começo preços mais compensadores”, esclarece.

Laurindo reforça a recomendação para que o agricultor não se afobe em vender sua produção toda em um momento só. “As expectativas são positivas e todas as projeções apontam para um bom momento para a cebola catarinense. Se o agricultor possui cebola de qualidade, vale a pena vender aos poucos para poder aproveitar essa variação positiva que se desenha para o mercado”, pontua.

Schimitt complementa e explica que outro fator favorável para o mercado da cebola catarinense e que favorece o escalonamento da comercialização da safra catarinense é a redução da produção argentina. “A Argentina recuou a bastante tempo na sua produção. Eles não têm mais uma grande perspectiva de importação de cebola para o Brasil. Nesse, em especial foi muito pequena, aliás nesse ano toda a importação de cebola para o Brasil foi pequena, a menor dos últimos 35 anos, um valor muito pequeno. A produção argentina hoje não é mais competitiva para o mercado brasileiro e isso é mais um ponto favorável para o produtor da região, principalmente nos meses de março e abril”, destaca.

Impactos da inclusão da cebola na Letec

Os reflexos da inclusão parcial da cebola na Lista de Exceções a Tarifa Externa Comum (Letec) começam efetivamente fazer efeito nesse mês de janeiro quando entra em vigor a taxação sobre a importação da cebola de 25%. “Os dados apontam que a importação na última safra, principalmente da Holanda, não foi muito significativa, porém, o fator psicológico dessa importação afetava muito o mercado, e nesse ano não teremos isso, porque não ficará mais atrativo o mercado brasileiro pra eles”, comenta Laurindo.

Já para o coordenador da Câmara Setorial da Cebola de Santa Catarina, Daniel Schimitt, o maior ganho com a inclusão foi à valorização da cebola no mercado brasileiro. “Pela primeira vez a cadeia produtiva da cebola esta organizada e os movimentos iniciados aqui na região, tiveram reflexos em todo o país, e vai ajudar para que agora todos conquistem mais espaço no mercado”, conclui.

Para o ano que vem a taxação da cebola importada ficará em 20%, e 15%, em 2021 e, posteriormente, voltará a condição normal de concorrência de mercado.

 

Por Diário do Alto Vale

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