Agricultura

Associação das Agropecuárias da Bacia do Rio Itajaí (AABRI) completa 15 anos

Associação é responsável pela destinação correta das embalagens vazias dos agrotóxicos consumidos na região

Associação das Agropecuárias da Bacia do Rio Itajaí (AABRI) completa 15 anos Foto: DAV / Reprodução

Preservar o Meio Ambiente por meio da destinação correta das embalagens vazias de agrotóxicos. Este é o principal intuito dos trabalhos realizados pela Associação das Agropecuárias da Bacia do Rio Itajaí (AABRI) que completa nesse ano de 2018, 15 anos de fundação. A criação da associação ocorreu junto com a abertura dos trabalhos da Central de Recebimentos de Aurora, local onde são destinadas as embalagens coletadas na região para posterior destino correto.

“Nesses 15 anos temos uma história bonita para contar e a evolução dos trabalhos são visíveis”, comemora Célio Maçaneiro, gerente administrativo da associação. Maçaneiro acrescenta que no início dos trabalhos eram coletadas 20 toneladas de embalagens/ano e agora esse número subiu para 200 toneladas/ano quantidade registrada em 2017. “Isso não significa apenas que a quantidade de agrotóxicos utilizada aumentou, mas que a conscientização dos agricultores melhorou, e que hoje grande maioria dos produtores destinam dão a destinação correta as embalagens de agrotóxicos”, explica.

A história da AABRI nasceu em Ituporanga e depois teve sequencia no município de Aurora com a construção da sede e da Central de Recebimento. “Durante o ano queremos realizar ações em comemoração a esse trabalho que vem sendo realizado. Estamos vendo a possibilidade de organizar um evento para reunir todos os parceiros e que diretamente são responsáveis pelo sucesso do nosso trabalho”, pontua.

Programa de Recolhimento Itinerante

Para auxiliar os agricultores na devolução das embalagens todos os anos a AABRI em parceria com as prefeituras e demais entidades realizam o Programa de Recolhimento Itinerante. O programa tem o intuito de facilitar a entrega das embalagens vazias. “Com esse programa o agricultor pode devolver as embalagens dos agrotóxicos utilizados na lavoura sem sair da comunidade, porque nós vamos ao encontro deles”, explica Célio.

Nesse ano o programa já iniciou e a quantidade de embalagens recebidas tem sido significante. “Até o momento já visitamos Mirim Doce, Atalanta e Alfredo Wagner e tivemos participação expressiva dos produtores. Somente em Alfredo Wagner foram mais de 50 mil embalagens”, conta.

O cronograma de recebimento está previsto para ser realizado em todas as cidades que integram a central de Aurora, que hoje chegam a 60 municípios localizados entre Itajaí até Bom Jardim da Serra. Algumas das cidades que já tem cronograma fechado são: Aurora 11 e 12 de maio; Imbuia dia 14 de maio; Vidal Ramos 06 e 07 de junho e Ituporanga de 11 a 15 de junho. “Já temos agendado o recebimento para 20 cidades e o intuito é passar em todas”, explica.

Com relação à Ituporanga o número de comunidades atendidas vem aumentando a cada ano. “Em proporção de embalagens devolvidas Ituporanga acaba sendo o município que mais devolve embalagens até pela importância da agricultura para a cidade. Por isso que na Capital da Cebola temos sempre dado uma atenção especial e fizemos o recebimento em mais dias para que cada vez mais comunidades sejam atendidas e por isso inclusive nesse ano ampliamos os pontos de coleta”, comenta. As coletas são realizadas em cronograma amplamente divulgado e os locais de recebimento são sempre os mesmos, os pátios das igrejas nas comunidades.

Pelo encaminhamento dos trabalhos e o envolvimento da sociedade no desenvolvimento desse programa a Central de Aurora tem sido destaque em todo o país. “Nosso programa de recebimento itinerante, que deu certo aqui na região está servindo de exemplo para todo o país e só temos a agradecer a todos os agricultores e também a quem contribui anualmente para o sucesso das nossas campanhas”, comemora.

Embalagens recolhidas são recicladas

Para serem entregues na campanha é importante que as embalagens estejam acondicionadas de forma correta para facilitar o trabalho e também diminuir custos com a destinação final. Para que as embalagens sejam destinadas para a reciclagem, elas precisam ser tríplice lavadas, separadas as tampas e também as de plástico rígido. “O agricultor deve, depois de utilizar os produtos agrotóxicos, fazer a primeira lavagem nas embalagens e esta água deve ser usada para pulverizar a plantação e não deve ser descarta aleatoriamente em qualquer lugar, muito menos dentro de rios, lagos ou açudes. Depois deve-se lavar mais duas vezes, furá-las, separar as tampas, e destiná-las pra central”, reforça.

Maçaneiro acrescenta que se esses cuidados não sejam levados em consideração, além de mais mão de obra para separar as embalagens recolhidas aumenta também o custo para a destinação. “As embalagens que não foram lavadas, não podem ir pra reciclagem e precisam ser encaminhadas para a incineração, fato que faz aumentar em muito o custo final deste ciclo”, enfatiza.
Quando as embalagens são encaminhadas para a reciclagem, elas viram novas embalagens para as próprias fábricas de agrotóxicos e muitos outros materiais, quando reciclados, tornam-se úteis para a produção dos tubos de fiação, cabos subterrâneos, cabos para irrigação e conduítes, que são tubulações usadas para a instalação elétrica na construção civil, dente outros materiais.

Parceria com o Inpev

O Brasil é recordista mundial no recolhimento de embalagens de agrotóxicos. Nos últimos dez anos, o percentual de embalagens plásticas colocadas no mercado que são recolhidas pela indústria após o uso do produto nas lavouras atingiu 95%. Segundo o diretor-presidente do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (Inpev), João Cesar Rando, esse índice tornou o país líder e referência mundial no tema. Em segundo lugar vem a França, com 77%, seguida pelo Canadá, com 73%.

O sucesso do Brasil ganhou destaque mundial após a criação do Sistema Campo Limpo. O programa, que é gerenciado pelo Inpev, realiza a logística reversa de embalagens vazias de agrotóxicos no Brasil. O sistema abrange todas as regiões do país e tem como base o conceito de responsabilidade compartilhada entre agricultores, indústria, canais de distribuição e poder público. Em todo o país existem 113 centrais, 15 delas na região Sul e 270 postos de recebimento de embalagens.

Celio Maçaneiro, gerente administrativo da AABRI, explica que existe uma cadeia de responsabilidade, que começa no momento da compra do agrotóxico. “As revendas, as cooperativas ou as distribuidoras são obrigadas a colocar, na nota fiscal, o local de recebimento dessas embalagens. Depois disso, a indústria fabricante recolhe, e fica responsável por enviar para a reciclagem ou encaminhar para destino final”, reforça.

A Lei Federal nº 9.974, que ordena a prática, é de 2000, e foi regulamentada dois anos depois com o Decreto Federal nº 4.074, que determinou a responsabilidade compartilhada. Informações do Inpev mostram que, desde então, o Brasil recolheu 260 mil toneladas de embalagens.

Antes da legislação, as embalagens eram enterradas, queimadas ou jogadas em rios. Segundo dados de uma pesquisa realizada pela Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef) em 1999, 50% das embalagens vazias de agrotóxicos no Brasil naquela época eram doadas ou vendidas sem qualquer controle, 25% tinham como destino a queima a céu aberto, 10% eram armazenadas ao relento e 15% eram simplesmente abandonadas no campo.

“E o agricultor que entrega a embalagem na central fica em dia com lei. Quando recebemos as embalagens, é preenchido o recibo de entrega, e se houver qualquer tipo de fiscalização basta o produtor apresentar o recibo que foi preenchido no momento da devolução”, finaliza.

 

 

 

 

 

 

 

 

Por Adriane Rengel 

Diário do Alto Vale

Outras Notícias